terça-feira, 12 de maio de 2009

HOMENAGEM A RUI BARBOSA


Prezados,

resolvi utilizar esse meio maravilhoso de comunicação para homenagear nosso saudoso Rui Barbosa com a poesia "Sinto vergonha de mim" e partilhar com cada um de vocês a sabedoria desse homem.

Acredito que uma reflexão tão plausível como essa precisa ser publicada a fim de nos induzir a seguinte reflexão: Será que sentiremos vergonha de nós mesmos, daqui a alguns anos, por não termos contribuído com nada para mudar? Ou será que estaremos felizes por fazermos parte de um grupo, mesmo que publicamente pequeno, que luta para ser e fazer diferente, que deseja mais oportunidades para o "povo esquecido", que deseja igualdade entre as nações e discernimento àqueles que fazem parte do poder público?

Eu quero ter orgulho de mim mesma. Quero poder olhar para trás e ver que mesmo na dificuldade permaneci na luta e venci! E você, o que deseja?

Boa leitura.



SINTO VERGONHA DE MIM


Sinto vergonha de mim
por ter sido educador de parte desse povo,
por ter batalhado sempre pela justiça,
por compactuar com a honestidade,
por primar pela verdade
e por ver este povo já chamado varonil
enveredar pelo caminho da desonra.

Sinto vergonha de mim
por ter feito parte de uma era
que lutou pela democracia,
pela liberdade de ser
e ter que entregar aos meus filhos,
simples e abominavelmente,
a derrota das virtudes pelos vícios,
a ausência da sensatez
no julgamento da verdade,
a negligência com a família,
célula-mater da sociedade,
a demasiada preocupação
com o "eu" feliz a qualquer custo,
buscando a tal "felicidade"
em caminhos eivados de desrespeito
para com o seu próximo.

Tenho vergonha de mim
pela passividade em ouvir,
sem despejar meu verbo,
a tantas desculpas ditadas
pelo orgulho e vaidade, a tanta falta de humildade
para reconhecer um erro cometido,
a tantos "floreios" para justificar atos criminosos,
a tanta relutância em esquecer a antiga posição
de sempre "contestar",
voltar atrás
e mudar o futuro.

Tenho vergonha de mim
pois faço parte de um povo que não reconheço, enveredando por caminhos
que não quero percorrer...
Tenho vergonha da minha impotência,
da minha falta de garra,
das minhas desilusões e do meu cansaço.

Não tenho para onde ir
pois amo este meu chão,
vibro ao ouvir meu Hino
e jamais usei a minha Bandeira para enxugar o meu suor
ou enrolar meu corpo
na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

Ao lado da vergonha de mim,
tenho tanta pena de ti,
povo brasileiro!"
De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra,
de tanto ver crescer a injustiça,
de tanto ver agigantarem- se os poderes nas mãos dos maus,
o homem chega a desanimar da virtude,
A rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto"


Rui Barbosa

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